[Imagem: pearson.com\channels\biology\mit]
Quando a pessoa apresenta um quadro de hipotireoidismo, uma consequência inevitável será uma insuficiente oferta de T3 para promover a queima ótima de açúcar nas células.
Nessa condição e sem reposição de hormônio tireoidiano, aquela pessoa tende a evoluir para uma situação de muito baixa energização corporal, de insuficiente produção de ATP e de calor corporal. Com todas as consequências desse processo sobre o metabolismo e a saúde.
No hipotireoidismo, portanto, tende a se instalar um círculo vicioso, caso a pessoa nada fizer para deter aquela insuficiente produção de energia.
E será por isso, que mantida aquela dinâmica, o organismo não encontrará outra saída: tenderá a migrar para uma queima ineficiente de açúcar que expressará uma resposta adaptativa do organismo para queimar açúcar dessa outra forma, ineficiente – pela falta do T3 – tendendo a produzir, em lugar do CO2, o ácido lático, que é pró-inflamatório.
Essa nova dinâmica, chamada de glicólise [queima não oxidativa do açúcar, deixando de gerar CO2] fará aflora hormônios do estresse, que operarão como inibidores da respiração celular eficiente, oxidativa.
A temperatura corporal tende a cair. A queda do CO2, terá seus efeitos negativos, inclusive por ele ser um grande modulador metabólico.
É como se o organismo estivesse emitindo uma mensagem adaptativa do tipo: o metabolismo só poderá seguir de pé estabelecendo restrições, funcionando em outro patamar mais baixo de energia, em modo minimalista, ou de emergência. Sob novas regras, já que o regime de produção de energia da tireoide foi, por assim dizer, tirado de cena.
O metabolismo tem que continuar. Só que, agora, com apoio nos hormônios do estresse, começando pelo ácido lático e incluindo cortisol, adrenalina e outros. Inibindo a respiração celular oxidativa, eles garantem que o novo regime siga em frente.
Pagar-se-á um preço para sobreviver, já que a presença do regime dos hormônios do estresse como forma de impulsionar outro tipo de produção de energia, terá efeitos sistêmicos.
Ou, dito de outra forma: queimar açúcar de maneira ineficiente, sem poder extrair do açúcar toda sua energia, significa deprimir o metabolismo e ter que “viver com menos” [energia]. Menos CO2, ATP em níveis mais baixos.
[Imagem: wikiwand.com]
Reação adaptativa.
O que tende a comprometer - se essa dinâmica dura o tempo suficiente -, funções menos vinculadas à sobrevivência imediata [como, por exemplo, pele, qualidade dos cabelos, aparelho reprodutivo] em função de outras, como coração, nervos, estes mais determinantes para o conjunto dos sistemas em modo emergência. A energia, agora insuficiente, será redistribuída de outra forma.
Aquele déficit de energia repercutirá em vários sistemas, cronicamente, enquanto a tireoide continuar travada.
O lactato, que passou a ser produzido – expressando novo regime de produção de energia – uma vez presente ao longo do tempo, operará como tóxico. Tem propriedades estrogenizantes, por exemplo.
E justamente o estrogênio é um hormônio do estresse que aparece estimulado pela redução da taxa metabólica, queda do CO2 e também exacerbado, por outro lado, pela presença simultânea no nosso corpo, de ácidos graxos circulantes, muito provavelmente insaturados por conta da dieta convencional.
E mais: no estresse, o corpo gira, em certo ponto, para a queima preferencial de gorduras.
Gorduras são mobilizadas dos seus depósitos.
Essa incrementada oferta e oxidação de gorduras repercute mal nos sistemas. Muita gordura circulando no plasma inibe mais ainda a respiração oxidativa. Sobrará açúcar no plasma. Cria-se uma condição pré-diabetogênica.
O diabetes tem a ver com muita gordura livre circulando no corpo, já que, neste caso, com muito ácido graxo impactando as células, isso fará com que a queima de gordura ganhe precedência sobre a do açúcar [efeito Randle].
Com hormônios como o cortisol, estrogênio e a presença de lactato, o fato é que vários elementos estressantes acabam de entrar em cena e vão continuar operantes, com seu efeito de retroalimentação do estresse.
Com mais prejuízo para a pessoa quanto mais disfuncional for seu fígado. E quanto mais óleos insaturados ela tiver circulantes, sendo um dos efeitos desses óleos o de travar a função tireoidiana. Com o óleo insaturado aumentando o pool circulante de estrogênio.
A opção, diante disso, do ponto de vista terapêutico, é a de se tentar corrigir o metabolismo para retomar algum padrão de estabilidade na produção de energia, adotando como estratégia corrigir o sistema de conjunto.
Torna-se importante e incontornável reativar a função tireoidiana inclusive para retomar os níveis anteriores de CO2.
CO2 de menos tem implicações patogênicas. Haverá tendência á ativação de plaquetas, por exemplo, como também ativação de mastócitos. Inflamação em marcha.
Mastócitos em cena sinalizam inflamação, por sua liberação de serotonina, também de prostaglandinas.
Estrogênio aumenta prolactina; esta destrói ossos, inibe vitalidade, por exemplo, do bulbo capilar. Alimenta tumor de próstata. Esse processo é lento porém sustentado, depende do tempo e também de que nada se faça para contrabalançar o hipotireoidismo.
Menor produção de CO2, mediadores inflamatórios e estrogênio em alta, eis um processo que retroalimenta a inibição tireoidiana. Mais tendência à hipermeabilidade dos capilares, invasão do plasma por endotoxinas, mais coagulabilidade, mais inflamação, mais estrogênio. Uma reação em cascata em várias direções está em marcha, na tentativa do organismo de se adaptar ao impacto profundo do grande agente estressor chamado hipotireoidismo.
É possível e indicado entrar com substâncias que estimulem a produção de energia e, ao mesmo tempo, tratar de recuperar a função tireoidiana. E não deixar de levar em conta o efeito tóxico dos óleos insaturados, do consumo de amido e celulose, irritantes intestinais; procurando entrar com progesterona, frutose, proteína , alimentos favoráveis à tireoide e anti-inflamatórios, do tipo leite [rico em cálcio para contrabalançar o efeito do fosfato alimentar e inibir inflamação ao derrubar o PTH]. E assim por diante.
De toda maneira, fica ilustrada – de passagem – a relação estreita da relação alimentação-hormônios e, na outra ponta, a produção eficiente e oxidativa de energia.
De tal forma que um desencontro nessa esfera resultará na ineficiente queima do açúcar, via ácido lático. E o círculo vicioso estará em marcha.
GM Fontes, Brasília 14-4-23
As informações aqui presentes não pretendem servir para uso diagnóstico, prescrição médica, tratamento, prevenção ou mitigação de qualquer doença humana. Não pretendem substituir a consulta ao profissional médico ou servir como recomendação para qualquer plano de tratamento. Trata-se de informações com fins estritamente educativos.
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