O obeso é um inflamadoɁ
Existe um berço inflamatório na construção da obesidadeɁ A própria obesidade é geradora de mediadores inflamatóriosɁ Novo consenso médico em construção.
[Imagem: pikabu.ru]
Obesidade é uma doença complexa, que inclui necessariamente inflamação sistêmica, e claramente vinculada ao estresse [cortisol], ao hipotireoidismo e ao consumo de óleos insaturados, amidos\massas [cereais, grãos], excesso de gorduras e às endotoxinas de acordo com os estudos do pesquisador R. Peat.
Mais recentemente, a medicina vem reconhecendo a relação indissociável entre obesidade e inflamação. Um artigo científico recente, de revisão, elabora uma compilação da literatura a respeito de obesidade e revela seu vínculo com marcadores inflamatórios, com determinados hormônios e células brancas, além do próprio tecido adiposo.
O título do artigo é claro: Obesidade – uma inflamação de baixa intensidade e seus marcadores [A].
Ele mostra que o tecido adiposo na pessoa magra não é uma fonte de mediadores inflamatórios como passa a ocorrer no caso dos tecidos gordos da pessoa obesa.
Ao ganhar sobrepeso, a pessoa obesa apresenta não apenas níveis mais altos de leptina como seu tecido adiposo passa a produzir macrófagos pró-inflamatórios, tipo M1, correlacionados também com a resistência insulínica [RI].
Ou seja, obesidade é uma doença que constrói outras doenças, segundo afirmou um pesquisador certa feita. Os depósitos de gordura do obeso também funcionam como um local de produção de estrógenos.
E, considerando o grau de estresse das pessoas e o tipo de alimentação que é validado pelos próprios profissionais de saúde hoje em dia [amido lovers, óleo insaturado lovers , cerveja lovers etc] a tendência nacional é de mais obesidade.
A revisão acima citada prevê uma epidemia ainda maior de obesidade a cada ano.
Outro trabalho também mostra a profunda relação entre inflamação e obesidade. Destaca o aumento de mediadores inflamatórios do tipo citocinas, como fator de necrose tumoral alfa [TNF-alfa], proteína C reativa [PCR], interleucinas [tipo IL-6, IL-18], resistina e visfatina. Existe forte correlação entre tais marcadores e as medidas de sobrepeso [B] ressaltada por também este trabalho e vários outros.
Os óleos insaturados além de inibirem o metabolismo em geral – e a tireoide em particular – também estressam o organismo, somando com o estresse da vida diária e a alimentação pró-obesidade para promover o ganho de peso. No processo de estresse, a presença importante de endotoxinas, por sua vez, inibe vigorosamente a perda de peso.
O debate sério e fundamentado cientificamente em torno de obesidade-alimentação-estresse nunca foi tão necessário. Assim como a crítica radical ao consumo dos óleos de cozinha, dos ômegas 6 e 3 [insaturados] que não são para nada inocentes - muito menos “essenciais” - na construção da doença e da obesidade em especial.
Dessa forma, a complacência com essa cultura alimentar [óleos insaturados, amidos e massas] também se tornou um sério problema de saúde pública, neste caso, pouco considerado pelas autoridades sanitárias e a corporação médica em geral.
GM Fontes, Brasília 20-7-23
As informações aqui presentes não pretendem servir para uso diagnóstico, prescrição médica, tratamento, prevenção ou mitigação de qualquer doença humana. Não pretendem substituir a consulta ao profissional médico ou servir como recomendação para qualquer plano de tratamento. Trata-se de informações com fins estritamente educativos.
Referências _______________
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