Fígado com esteatose – óleo insaturado promove e agrava o quadro clínico
Endotoxinas e óleo insaturado – dois construtores da esteatose hepática não alcoólica
[Imagem: alldoctors.moscow articles]
A doença do fígado gordo foi, ontem, tema de nota neste blog a doença do fígado gordo e lá foi explicado [ Ver aqui] de que forma as endotoxinas são chave na construção da doença [esteatose hepática, NAFLD]. Hoje o destaque fica com os óleos insaturados [ácido linoleico, por exemplo].
E o que cientistas demonstraram foi que o lento acúmulo de óleos insaturados nas células gordas do fígado, degrada lentamente a glândula. E a presença de tais óleos de sementes em um fígado que está em processo de desenvolvimento de esteatose torna o processo muito mais perigoso, com mais chance do desenvolvimento de cirrose e câncer. Óleos insaturados inflamam o intestino e comprometem a função de barreira intestinal. E, através de sua ação de sobrecarga tóxica no fígado, aumentam estrogênio e cortisol no plasma.
Não vai sair na grande mídia. Ninguém vai informar aos doutores – inclusive aos hepatologistas – que o óleo de cozinha que se consome amplamente, inclusive té o próprio doutor, eventualmente, esse óleo consta, lado a lado com as endotoxinas, como causa de formas mais graves de esteatose hepática.
E é oportuno sempre levar em conta o acima mencinado: que os óleos insaturados promovem inflamação e aumento da permeabilidade intestinal, porta aberta para potencializar a ação das endotoxinas, causa conhecida do fígado gordo [Ver nota de ontem neste blog]. E com o poder de fazer a progressão do fígado esteatótico até o ponto de se converter em câncer do fígado. Várias notas já foram escritas neste blog mostrando a toxidade sistêmica dos óleos insaturados [Aqui, por exemplo].
Por sua vez, o óleo insaturado é diretamente hepatotóxico.
Repetindo: o “inocente” óleo insaturado – considerado “essencial” por um exército de nutrólogos e médicos - é um importante hepatotóxico e cancerígeno hepático conforme a pesquisa [A] abaixo citada que, inclusive, não é única a detectar um problema que veio sendo esclarecido por décadas, pacientemente, pelo estudioso independente PhD R. Peat.
O óleo insaturado pode ser responsável único pela esteatose hepática, na hipotética falta da presença de endotoxinas. Ao contrário da gordura saturada [ácidos palmítico e esteárico] que também foi testada mas sem problemas.
E observe-se que o tema aqui inclui câncer de fígado. E, justamente, uma das ações dos óleos insaturados - mostrada no estudo abaixo – foi a de provocar a morte/apoptose de células do sistema imune. Já foi demonstrado que óleos insaturados são imunossupressores [e até são usados em transplantes por essa razão], mas aqui, no caso do fígado, ao inibir a resposta imune, a porta para a promoção de câncer fica aberta. Além da patogênica peroxidação lipídica promovida por tais óleos instáveis [os ômegas].
Sim, já foi demonstrado que quadros respiratórios altos conseguem evoluir da pior forma, a depender da pessoa, quando esta carrega nos seus sistemas acúmulo de óleos insaturados. Seu sistema imune estará inibido/suprimido, o suficiente para agravar o quadro.
E uma vez que, como argumenta G Dinkov - o divulgador da pesquisa abaixo -, “a população em geral consome, na média, 15-20 g de óleo insaturado diariamente, esta quantidade tem um efeito imunossupressor que rivaliza com os efeitos da terapia com corticoides. Ou, caso as pessoas estejam se indagando sobre isso, a resposta é sim, o óleo insaturado também ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, fazendo com que haja níveis cronicamente elevados de cortisol, isto é, um duplo efeito imunossupressor” [B]. Novamente: o agente estressor cortisol - como veremos em outra nota - será protagonista na construção da esteatose hepática.
Reiterando: esse efeito imunossupressor e pró-inflamatório dos óleos insaturados será determinante ao promover a construção de várias outras doenças e os autores do estudo mencionam duas delas, diabetes e obesidade.
E Dinkov acrescenta que “não é surpreendente que, diante de tão amplo hábito dietético com seu efeito do tipo ´imune-suicida´, que as doenças infecciosas sejam muito mais prevalentes hoje e muito mais letais do que no passado”[B]. Os óleos insaturados também estão bem presentes na cosmetologia, por exemplo. Dinkov sugere, além da supressão de tais óleos na nossa alimentação, também o uso da [verdadeira] vitamina E na prevenção de problemas causados pelos óleos insaturados [C].
A gravidade de se usar esses óleos, de soja, milho, girassol, linhaça, na alimentação é que, no caso do fígado, o carcinoma hepatocelular é a segunda causa mais comum de morte relacionada ao câncer. Esteatose hepática predispõe a esse tipo de câncer.
O estudo [E] deixa claro que “disrupção da função mitocondrial pelo ácido linoleico [ômega 6], um ácido graxo acumulado na esteatose hepática [NAFLD], provoca mais dano oxidativo do que outros ácidos graxos livres tipo ácido palmítico e leva à perda seletiva de linfócitos T intra-hepáticos tipo CD4+”.
“Esteatose hepática não alcoólica aestá associada com acumulação de ácido linoleico nos hepatócitos. Hepatócitos esteatóticos secretam ácido linoleico livre [ômega 6] que é captado por células T do tipo CD4+, nas quais sofre oxidação e gera espécies reativas de oxigênio [ROS] que promoverão morte daquelas células [CD4+] e comprometimento da imunovigilância, dessa forma promovendo o crescimento do câncer” [F].
Como já argumentou alguém, a naturalização dos óleos insaturados na vida moderna [em lugar da manteiga, do óleo de coco] tem cobrado um preço alto em sofrimento e óbitos de centenas de milhares de seres humanos – ou muito mais que isso – que não são advertidos veementemente nem pela burocracia médica nem pela nutrologia, sobre o veneno cotidiano, os óleos insaturados, que foi naturalizado como “alimento”, coisa que nunca foi, para humanos.
No caso do argumento da nota de hoje, o óleo insaturado integra também a galeria dos venenos hepáticos, capaz de induzir a evolução do fígado gordo a câncer.
GM Fontes, Brasília, 20-4-24
As informações aqui presentes não pretendem servir para uso diagnóstico, prescrição médica, tratamento, prevenção ou mitigação de qualquer doença humana. Não pretendem substituir a consulta ao profissional médico ou servir como recomendação para qualquer plano de tratamento. Trata-se de informações com fins estritamente educativos. Nenhuma das notas aqui presentes, neste blog, conseguirá atingir o contexto específico do paciente singular, nem doses, modo de usar etc. Este trabalho compete ao paciente com seu médico. Isso significa que nenhuma dessas notas - necessariamente parciais - substitui essa relação.
Referências _______________
[A] FELDSTEIN A E LOPEZ R, 2010. Mass spectrometric profiling of oxidized lipid products in human nonalcoholic fatty liver disease and nonalcoholic steatohepatitis. J Lipid Res. 2010 Oct;51(10):3046-54. doi: 10.1194/jlr.M007096. Epub 2010 Jul 14. PMID: 20631297 PMCID: PMC2936759 DOI: 10.1194/jlr.M007096 “Oxidative stress is a core abnormality responsible for disease progression in nonalcoholic fatty liver disease (NAFLD). However, the pathways that contribute to oxidative damage in vivo are poorly understood. Our aims were to define the circulating profile of lipid oxidation products in NAFLD patients, the source of these products, and assess whether their circulating levels reflect histological changes in the liver. The levels of multiple structurally specific oxidized fatty acids, including individual hydroxy-eicosatetraenoic acids (HETE), hydroxy-octadecadenoic acids (HODE), and oxo-octadecadenoic acids (oxoODE), were measured by mass spectrometry in plasma at time of liver biopsy in an initial cohort of 73 and a validation cohort of 49 consecutive patients. Of the markers monitored, 9- and 13-HODEs and 9- and 13-oxoODEs, products of free radical-mediated oxidation of linoleic acid (LA), were significantly elevated in patients with nonalcoholic steatohepatitis (NASH), compared with patients with steatosis. A strong correlation was revealed between these oxidation products and liver histopathology (inflammation, fibrosis, and steatosis). Further analyses of HODEs showed equivalent R and S chiral distribution. A risk score for NASH (oxNASH) was developed in the initial clinical cohort and shown to have high diagnostic accuracy for NASH versus steatosis in the independent validation cohort. Subjects with elevated oxNASH levels (top tertile) were 9.7-fold (P < 0.0001) more likely to have NASH than those with low levels (bottom tertile). Collectively, these findings support a key role for free radical-mediated linoleic acid oxidation in human NASH and define a risk score, oxNASH, for noninvasive detection of the presence of NASH”. Estudaram o ômega 6 [ácido linoleico] na degeneração do fígado, gerando produtos de oxidação que degradam o fígado de várias maneiras, de inflamação, fibrose a esteatose não alcoólica].
[B] G Dinkov, http://haidut.me/?p=2366
[C] Este autor, G Dinkov, sugere uma dose semanal de 400 UI de vitamina E em dose semanal pode ser uma opção nesse caso.
[D] MUIR K HAZIM A HE Y, 2013. Proteomic and lipidomic signatures of lipid metabolism in NASH-associated hepatocellular carcinoma. Cancer Res. 2013 Aug 1;73(15):4722-31. doi: 10.1158/0008-5472.CAN-12-3797. Epub 2013 Jun 7. PMID: 23749645
PMCID: PMC3855016 DOI: 10.1158/0008-5472.CAN-12-3797 “Nonalcoholic steatohepatitis (NASH) is a common preneoplastic condition of hepatocellular carcinoma (HCC). Mice with hepatocytic deletion of Pten develop NASH and HCC later in life. This model is highly valuable for studies aimed at identifying the molecular mechanism by which metabolic disorders contribute to tumor development. We applied proteomic and lipidomic profiling approaches to Pten-null NASH liver and tumors. Circulating fatty acid composition was also characterized in these mice. The relevance to human NASH and HCC was further validated. This integrative proteomic and lipidomic study from mouse to human and from liver to blood identified the following disease signatures: (i) an HCC signature: upregulated hepatic scd1/scd2, fads2, and acsl5:acsl1 ratio, elevated vaccenic and erucic acids, and reduced margaric and linoleic acids in both liver and plasma; (ii) a NASH signature that correlates with tumor burden: upregulated hepatic elovl6, elevated oleic, adrenic, and osbond acids, and reduced cervonic acid in liver and plasma; and (iii) a NASH signature: reduced hepatic and circulating lignoceric and eicosapentaenoic acids. Altogether, these results show the role of lipid-modifying enzymes converting saturated fatty acids (SFA) to monounsaturated fatty acids (MUFA) in HCC and the importance of an increased ratio of long chain n6-polyunsaturated fatty acids over n3-polyunsaturated fatty acids in NASH and HCC risk. They also highlight the relevance of the Pten-null model for studies related to NASH and HCC and show that circulating lipid metabolome provides a direct read of lipid changes in the liver. Most importantly, novel candidate targets for HCC diagnosis, therapy, risk assessment, and prevention were identified”.
[E] MA C KESARWALA A H EGGERT T, 2016. NAFLD causes selective CD4+ T lymphocyte loss and promotes hepatocarcinogenesis. Nature volume 531, pages253–257 (2016) Cite this article “Hepatocellular carcinoma (HCC) is the second most common cause of cancer-related death. Non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD) affects a large proportion of the US population and is considered to be a metabolic predisposition to liver cancer1,2,3,4,5. However, the role of adaptive immune responses in NAFLD-promoted HCC is largely unknown. Here we show, in mouse models and human samples, that dysregulation of lipid metabolism in NAFLD causes a selective loss of intrahepatic CD4+ but not CD8+ T lymphocytes, leading to accelerated hepatocarcinogenesis. We also demonstrate that CD4+ T lymphocytes have greater mitochondrial mass than CD8+ T lymphocytes and generate higher levels of mitochondrially derived reactive oxygen species (ROS). Disruption of mitochondrial function by linoleic acid, a fatty acid accumulated in NAFLD, causes more oxidative damage than other free fatty acids such as palmitic acid, and mediates selective loss of intrahepatic CD4+ T lymphocytes. In vivo blockade of ROS reversed NAFLD-induced hepatic CD4+ T lymphocyte decrease and delayed NAFLD-promoted HCC. Our results provide an unexpected link between lipid dysregulation and impaired anti-tumour surveillance”.
References
1. Sun, B. & Karin, M. Obesity, inflammation, and liver cancer. J. Hepatol. 56, 704–713 (2012)
2. Michelotti, G. A., Machado, M. V. & Diehl, A. M. NAFLD, NASH and liver cancer. Nature Rev. Gastroenterol. Hepatol. 10, 656–665 (2013)
3. Schuppan, D. & Schattenberg, J. M. Non-alcoholic steatohepatitis: pathogenesis and novel therapeutic approaches. J. Gastroenterol. Hepatol. 28 (suppl. 1), 68–76 (2013)
4. Wree, A., Broderick, L., Canbay, A., Hoffman, H. M. & Feldstein, A. E. From NAFLD to NASH to cirrhosis—new insights into disease mechanisms. Nature Rev. Gastroenterol. Hepatol. 10, 627–636 (2013)
5. Greten, T. F., Duffy, A. G. & Korangy, F. Hepatocellular carcinoma from an immunologic perspective. Clin. Cancer Res. 19, 6678–6685 (2013)
6. Wolf, M. J. et al. Metabolic activation of intrahepatic CD8+ T cells and NKT cells causes nonalcoholic steatohepatitis and liver cancer via cross-talk with hepatocytes. Cancer Cell 26, 549–564 (2014)
7. Shachaf, C. M. et al. MYC inactivation uncovers pluripotent differentiation and tumour dormancy in hepatocellular cancer. Nature 431, 1112–1117 (2004)
Article CAS ADS Google Scholar
8. Rinella, M. E. et al. Mechanisms of hepatic steatosis in mice fed a lipogenic methionine choline-deficient diet. J. Lipid Res. 49, 1068–1076 (2008)
9. Yang, L. et al. Transforming growth factor β signaling in hepatocytes participates in steatohepatitis through regulation of cell death and lipid metabolism in mice. Hepatology 59, 483–495 (2014)
10. Park, E. J. et al. Dietary and genetic obesity promote liver inflammation and tumorigenesis by enhancing IL-6 and TNF expression. Cell 140, 197–208 (2010)
11. Ma, X. et al. A high-fat diet and regulatory T cells influence susceptibility to endotoxin-induced liver injury. Hepatology 46, 1519–1529 (2007)
12. Rakhra, K. et al. CD4+ T cells contribute to the remodeling of the microenvironment required for sustained tumor regression upon oncogene inactivation. Cancer Cell 18, 485–498 (2010)
13. Kang, T. W. et al. Senescence surveillance of pre-malignant hepatocytes limits liver cancer development. Nature 479, 547–551 (2011)
Article CAS ADS Google Scholar
14. Schönfeld, P. & Wojtczak, L. Fatty acids as modulators of the cellular production of reactive oxygen species. Free Radic. Biol. Med. 45, 231–241 (2008)
15. Cao, Y., Rathmell, J. C. & Macintyre, A. N. Metabolic reprogramming towards aerobic glycolysis correlates with greater proliferative ability and resistance to metabolic inhibition in CD8 versus CD4 T cells. PLoS ONE 9, e104104 (2014)
16. Sumida, Y., Niki, E., Naito, Y. & Yoshikawa, T. Involvement of free radicals and oxidative stress in NAFLD/NASH. Free Radic. Res. 47, 869–880 (2013)
17. Porporato, P. E. et al. A mitochondrial switch promotes tumor metastasis. Cell Reports 8, 754–766 (2014)
18. Feldstein, A. E. et al. Mass spectrometric profiling of oxidized lipid products in human nonalcoholic fatty liver disease and nonalcoholic steatohepatitis. J. Lipid Res. 51, 3046–3054 (2010)
19. Henao-Mejia, J. et al. Inflammasome-mediated dysbiosis regulates progression of NAFLD and obesity. Nature 482, 179–185 (2012)
Article CAS ADS Google Scholar
20. Ikehara, Y. et al. CD4+ Vα14 natural killer T cells are essential for acceptance of rat islet xenografts in mice. J. Clin. Invest. 105, 1761–1767 (2000)
21. Hanczko, R. et al. Prevention of hepatocarcinogenesis and increased susceptibility to acetaminophen-induced liver failure in transaldolase-deficient mice by N-acetylcysteine. J. Clin. Invest. 119, 1546–1557 (2009)
22. Chen, R. F. Removal of fatty acids from serum albumin by charcoal treatment. J. Biol. Chem. 242, 173–181 (1967)
23. Huynh, F. K., Green, M. F., Koves, T. R. & Hirschey, M. D. Measurement of fatty acid oxidation rates in animal tissues and cell lines. Methods Enzymol. 542, 391–405 (2014)
24. Hoechst, B. et al. A new population of myeloid-derived suppressor cells in hepatocellular carcinoma patients induces CD4+CD25+Foxp3+ T cells. Gastroenterology 135, 234–243 (2008)
Fonte - https://www.nature.com/articles/nature16969
[F] SHALAPOUR S KARIN M, 2016. Fatty Acid-Induced T Cell Loss Greases Liver Carcinogenesis Cell Metabolism 23, May 10, 2016 A new study has added loss of CD4+ T cells caused by aberrant lipid metabolism to the list of mechanisms promoting nonalcoholic steatohepatitis progression to liver cancer (Ma et al., 2016). Exposure of CD4+ T cells to free linoleic acid causes their ROS-mediated depletion, thereby favoring liver cancer growth.
Fonte - https://www.cell.com/cell-metabolism/pdf/S1550-4131(16)30170-X.pdf
***