Bactérias intestinais promovem doenças. Sua prevenção com o óleo de coco.
A flora intestinal ainda é um tema sujeito a desinformação na medicina dominante
Já se sabe, embora não seja tema para a medicina mainstream, que as toxinas produzidas pela população bacteriana do intestino grosso constroem doenças [B] [C] [D] [E] [F] [G].
Invariavelmente e cronicamente.
Tais endotoxinas já são bem estudadas há décadas, sendo que uma pilha de evidências aponta para a necessidade de controlar a flora intestinal quando se pretende contribuir para a saúde [e jamais estimular aquela flora].
Novamente: não que a medicina dominante tenha olhos para tais evidências, isto é, para a problemática realidade das bactérias intestinais; os protocolos médicos hegemônicos obedecem a outras injunções que não a ciência, daí sua propaganda em torno de probióticos e sua condescendência com alimentos que fermentam no intestino [folhas, cereais].
Ora, uma dessas experiências em torno das endotoxinas, que foi levada adiante há quase vinte anos por um grupo de cientistas japoneses [A] é uma das tantas que a medicina oficial jamais leva em conta [tampouco consegue refutar, diga-se de passagem].
Esses cientistas demonstraram, mais uma vez, que o controle das endotoxinas [portanto da flora intestinal] é benéfico para a saúde.
No caso, esse controle foi conseguido, em animais, através da administração de um derivado do óleo de coco, o MCT [triglicérides de cadeia média, em inglês].
A experiência foi simples. Um grupo de ratos recebeu óleo de milho na sua dieta e o outro grupo, o composto oleoso MCT.
E os dois grupos receberam, em seguida, uma quantidade de endotoxinas [ou LPS: lipopolissacarídeos produzidos pelas bactérias intestinais].
Em seguida, os ratos que foram entrando em óbito foram examinados e observou-se lesão hepática em escala de massa, isto é, todos os ratos ... do grupo do óleo de milho, os quais morreram um tempo após terem recebido as endotoxinas.
Portanto, primeira evidência: endotoxinas são letais a depender da dose e possuem potencial para lesar o fígado e promover doenças degenerativas.
A segunda evidência: óleo de coco é protetor
[Imagem: indiamart.com]
O grupo de ratos que recebeu MCT e, em dado momento, a dose de endotoxinas, foi justamente o que apresentou mortalidade bem reduzida. E mais: sacrificados os animais, constatou-se que o MCT preveniu quase completamente as alterações patológicas do fígado apresentadas pelo outro grupo.
O óleo de milho teve efeito oposto.
E o MCT evitou, no seu grupo, o aumento da permeabilidade intestinal e de lesões de mucosa que apareceram no grupo do óleo de milho. Também preveniu, como já foi mencionado, alterações hepáticas. Por sua vez, este grupo do MCT, comparado com o outro, do óleo de milho, apresentou aumento do epitélio do intestino. Um ganho, portanto.
Recapitulando: o objetivo declarado do experimento foi o de determinar se MCT previne lesões viscerais e mortalidade em ratos aos quais serão administradas endotoxinas; portanto, observar os efeitos do MCT no intestino. Os cientistas partiram do fato já demonstrado experimentalmente, de que MCT previne lesão hepática produzida por álcool.
Quanto ao óleo de milho, já se sabe da sua toxicidade [por sua condição química de óleo insaturado].
Como foi elaborada a experiência: deram óleo de milho [via oral; gavagem] todos os dias por uma semana. A partir daí administrou-se endovenosamente endotoxinas pelos próximos dias, quando então os ratos foram sacrificados. Todos morreram após essa administração de endotoxinas. O outro grupo de ratos recebeu apenas MCT, e com estes deu-se o contrário [além disso, os que receberam mais MCT sobreviveram mais].
Conclusão dos autores do trabalho: “Alimentação por via enteral usando MCT pode ser uma forma prática de proteger o fígado e intestino durante endotoxemia”. Isto é, protege das endotoxinas produzidas pelas bactérias intestinais.
Fica entendido: endotoxinas não ficam bem na paisagem da saúde humana [o que aponta para os males da flora bacteriana que as produzem] e, por outro lado, o óleo de coco aparece aqui com papel terapêutico/preventivo.
[Imagem: wikimedia commons]
GFD – Brasília 12-11-22
Observação - Os suplementos de MCT trazem, do óleo de coco, apenas os ácidos caprílico [C8] e cáprico [C10]. No caso, eles estão em concentração maior do que a quantidade presente no óleo de coco. No óleo de coco, por sua vez, prevalece o ácido láurico [C12]. Pode-se inferir que o próprio óleo de coco seria mais indicado para o efeito buscado pela experiência acima, já que seu maior teor em ácido láurico o torna mais antigérmen.
REFERÊNCIAS
[A] KONO, Hiroshi, FUJII, Hideki, 2003. Protective effects of medium-chain triglycerides on the liver and gut in rats administered endotoxin. Ann Surg 2003 Feb;237(2):246-55. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12560783/
[B] KONO, H. ENOMOTO N, 2000. Medium-chain triglycerides inhibit free radical formati[B] on and TNF-alpha production in rats given enteral ethanol. Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol. 2000 Mar;278(3):G467-76. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10712267/
[C] BROCK-UTNE JG, Gaffin SL, 1998. Endotoxins and anti-endotoxins (their relevance to the anaesthetist and the intensive care specialist). Anaesth Intensive Care. 1989 Feb;17(1):49-55. Este estudo mostra que antibióticos oferecidos antes da cirurgia previnem a endotoxemia sistêmica. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2653093/
[D] KARSENTY G, Gershon MD The importance of the gastrointestinal tract in the control of bone mass accrual. Gastroenterology. 2011 Aug;141(2):439-42. Epub 2011 Jun 17. Estudo confirma papel da serotonina intestinal na destruição da massa óssea. Mostra importância da regulação da flora no tratamento da osteoporose. Citado por: https://www.functionalps.com/blog/2012/09/22/intestinal-serotonin-and-bone-loss/
[E] MANCO M, Putignani L, 2010. Gut microbiota, lipopolysaccharides, and innate immunity in the pathogenesis of obesity and cardiovascular risk. Endocr Rev. 2010 Dec;31(6):817-44. Epub 2010 Jun 30. Esta revisão mostra, de forma compreensiva, a interação entre microbiota (LPS) e o sistema imune inato no desenvolvimento da obesidade e do risco cárdiovascular. “Compelling evidence supports the concepts that gut microbiota actively promotes weight gain and fat accumulation and sustains, indirectly, a condition of low-grade inflammation, thus enhancing the cardiovascular risk”. Disponível em: https://academic.oup.com/edrv/article/31/6/817/2354771
[F] NOLAN P James. 1979. Yale The Contribution of Gut-Derived Endotoxins to Liver Injury Endotoxinas comprometem a função detox do fígado levando a danos hepáticos e efeitos sistêmicos patogênicos. É proposto reduzir endotoxinas do intestino. “Evidence is reviewed to support the contention that endotoxin may be a major common pathway for liver injury by a variety of agents, and methods of reducing endotoxicity of gut origin are proposed”. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2595710/
[G] Nolan JP. The role of endotoxin in liver injury. Gastroenterology. 1975 Dec;69(6):1346–1356. “Studies are cited that: (1) support a role for intraintestinal endotoxin in the development of experimental cirrhosis. (2) demonstrate how liver injury alters endotoxin detoxification, (3) examine the role of intestinal production and absorption of bacterial lipopolysaccharides in liver disease, and (4) point to a role for endotoxemia in extrahepatic manifestations of liver injury as well”. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1104401/
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