A progesterona sendo progesterona: neuroprotetor e muito mais.
As funções não reprodutivas da progesterona, em homens e mulheres: vão muito além do que a medicina oficial costuma levar em conta
[Crédito: advancingyourhealth.org]
A progesterona, tomada na perspectiva da totalidade da nossa fisiologia é, também, um hormônio cerebral, comporta-se como grande protetor cerebral, para todas as idades em homens e mulheres.
É sintetizada também nos astrócitos [cérebro] e tem poder ansiolítico. Progesterona e pregnenolona têm o mesmo efeito: promovem humor, funções corporais, cerebrais.
Queda de progesterona impacta necessariamente e negativamente o cérebro. Isso ocorre na menopausa, quando o estrogênio opera sem oposição da progesterona. Ou no ciclo menstrual, idem.
Os nervos são estabilizados com progesterona. Na verdade, todos os tecidos são responsivos à progesterona, na direção do equilíbrio fisiológico.
Nesse sentido, já foi mais de uma vez demonstrado que os efeitos da progesterona e do estrogênio não se restringem à função reprodutiva, e estão envolvidos com funções não-reprodutivas como afeto e cognição, sendo o estrogênio, nesse sentido, tóxico e edemaciante e a progesterona operando como neuroprotetor [A].
Os efeitos neuroativos da progesterona são de vários tipos, já evidenciados em vários experimentos, incluindo seus benefícios sobre derrame e lesão cerebral; também sua ação positiva sobre os receptores gabaminérgicos [B]. Tanto assim que é chamado de hormônio cerebral, “neuroesteróide e neuroprotetor” [B].
PROGESTERONA [Crédito: encyclopedia2.thefreedictionary.com]
Ou seja, reconhecidamente, progesterona é o grande protetor do cérebro [junto com a pregnenolona] e também do timo, chave do sistema imune.
Ao lado da pregnenolona, a progesterona é entendida – como já foi mencionado - como neuroesteróide, com ações antiexcitotóxicas e com habilidade de promover reparação e regeneração do sistema nervoso [Roof, Stein, Faden; Schumacher, et al.; Baulieu][F]. E inibidor do fator de necrose tumoral e da interleucina [IL-6][D].
Existe alta concentração de progesterona no cérebro. E, de fato, progesterona, como explica R. Peat, funciona, ali, como protetor; opera para proteger o cérebro em vários níveis [prevenindo edema, por exemplo] e promove processos de cura de tecidos cerebrais [e não cerebrais] lesados.
A progesterona é um hormônio essencial e operante no cérebro em ambos os sexos e em todas as idades. Protege o cérebro de toxinas. E é anti-inflamatória no processo de lesão cerebral.
“Normalmente, o cérebro dispõe de uma concentração muito alta de progesterona, refletindo sua função protetiva para aquele órgão mais importante. A glândula do timo, órgão chave do sistema imune, é também profundamente dependente da progesterona [R. Peat]”.
“Progesterona é a substância protetora básica do cérebro diante do estrogênio. Ela trabalha no sentido de protegê-lo em vários sentidos [prevenindo peroxidação lipídica, excitotoxicidade, dano pelo óxido nítrico, déficit energético, edema, etc.] e promove reparação e recuperação [E]”.
Nos jovens, a progesterona é abundante e protege essa faixa etária contra os excessos de estrogênio [puberdade, por exempo] e também do cortisol.
O idoso, por sua vez, terá cortisol e estrogênio cronicamente produzidos, em níveis altos e contará com progesterona de menos (muito pouca) sendo que o cortisol é um hormônio destrutivo, catabólico [ao contrário da pregnenolona, do T3, da progesterona, do DHEA]. A contratendência terapêutica seria ofertar progesterona.
Progesterona antagoniza com estrogênio mas também com cortisol. Ela tem, por isso, a capacidade de regenerar o timo e aumentar a imunidade. O cortisol destrói o timo e suprime a imunidade.
Ou seja, uma vez que progesterona promove a imunidade, previsivelmente, as vítimas mais prováveis de um ataque viral serão as pessoas com progesterona baixa.
A carência de progesterona promove – a depender do paciente singular – problemas da menopausa, dominância estrogênica, zumbido no ouvido, glaucoma, gengiva sangrante, artrite, rinite alérgica, colite, ciática, AVC, doença da vesícula biliar, hipertensão, perda da libido, TPM, mudança na frequência urinária, veias varicosas e uma grande lista de problemas, incluindo depressão.
A progesterona – como se vê por aqui – é muito mais que a progesterona “do ginecologista”. Ela é um hormônio da juventude e neuroprotetor.
Experiências já demonstraram que a progesterona alivia ansiedade, protege células cerebrais, melhora memória e até pode prevenir crises epilépticas. Também se mostrou útil em enfisema pulmonar. Melhora a eficiência do coração e o tônus dos vasos sanguíneos. Promove saúde óssea, alivia vários tipos de artrites.
“Existem várias causas usuais de deficiência de progesterona. Deficiência tireoidiana, de vitamina A e de colesterol são fatores frequentemente responsáveis por deficiência de progesterona. Exposição inadequada à luz também. E pode também ser fruto de excesso de óleos insaturados, interferindo com gônadas e tireoide. Também o excesso de serotinina pode causar deficiência de progesterona” [R. Peat]
E, como já foi mencionado, quando há suficiente progesterona, a adrenal não produz, em princípio, cronicamente, o potencialmente perigoso cortisol[1]. Ela é anti-estresse também por essa razão. E cumpre esse papel amplamente na gestação.
Sim, estranhamente, existem artigos contra a progesterona, tomada como causadora de ... câncer. São atravessados por viés. Um deles é usar um derivado tóxico da progesterona e dizer que a experiência foi feita com “progesterona”. Como ocorre no mercado: a paciente pensa que está usando a progesterona, mas a farmácia vendeu uma progestina.
Institutos de pesquisa prestigiados e associações médicas patrocinam pesquisas com progestinas e, tiram conclusões sobre a ... progesterona. Nada a ver.
A progestina é um derivado artificial e tóxico da progesterona [porém patenteável].
Mas a lenda dos problemas da progesterona segue em frente baseada em experimentos com progestinas. Dizem que a progesterona aumenta risco de câncer de mama quando, no real, testaram a ... progestina. E, no mundo real, a progesterona previne contra o câncer de mama.
Papel feio foi, por exemplo, a Universidade de Oxford, testando progestina na gênese do câncer de mama para concluir que a progesterona aumenta seu risco [C]. Uma $ciência no mínimo suspeita; aqui já não se trata apenas de viés, mas de interesses extramédicos moldando a pesquisa voltada à medicina.
Conclusão: é preciso estar atento quando afirmarem que a progesterona é um problema para a saúde... Muito provavelmente terá sido estudo feito com a molécula errada. Ou com métodos problemáticos.
De toda forma, fica, mais uma vez, o lembrete sobre o debate que a medicina vem adiando nos seus congressos, nas faculdades: o papel terapêutico da progesterona na doença crônico-degenerativa, em Alzheimer, Parkinson, na doença neurológica.
GM Fontes, Brasília 27-3-23
[Este excerto, modificado, consta do futuro livro Introdução à teoria da doença crônico-degenerativa]
As informações aqui presentes não pretendem servir para uso diagnóstico, prescrição médica, tratamento, prevenção ou mitigação de qualquer doença humana. Não pretendem substituir a consulta ao profissional médico ou servir como recomendação para qualquer plano de tratamento. Trata-se de informações com fins estritamente educativos.
Referências______________
[A] SINGH M SU C, 2012. Progesterone, brain-derived neurotrophic factor and neuroprotection. Neuroscience . 2013 Jun 3;239:84-91. doi: 10.1016/j.neuroscience.2012.09.056. Epub 2012 Oct 2. “While the effects of progesterone in the CNS, like those of estrogen, have generally been considered within the context of reproductive function, growing evidence supports its importance in regulating non-reproductive functions including cognition and affect. In addition, progesterone has well-described protective effects against numerous insults in a variety of cell models, animal models and in humans. While ongoing research in several laboratories continues to shed light on the mechanism(s) by which progesterone and its related progestins exert their effects in the CNS, our understanding is still incomplete. Among the key mediators of progesterone's beneficial effects is the family of growth factors called neurotrophins. Here, we review the mechanisms by which progesterone regulates one important member of the neurotrophin family, brain-derived neurotrophic factor (BDNF), and provides support for its pivotal role in the protective program elicited by progesterone in the brain”. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23036620/
[B] GUENNOUN R, 2020. Progesterone in the Brain: Hormone, Neurosteroid and Neuroprotectant. Int J Mol Sci . 2020 Jul 24;21(15):5271. doi: 10.3390/ijms21155271. “Progesterone has a broad spectrum of actions in the brain. Among these, the neuroprotective effects are well documented. Progesterone neural effects are mediated by multiple signaling pathways involving binding to specific receptors (intracellular progesterone receptors (PR); membrane-associated progesterone receptor membrane component 1 (PGRMC1); and membrane progesterone receptors (mPRs)) and local bioconversion to 3α,5α-tetrahydroprogesterone (3α,5α-THPROG), which modulates GABAA receptors. This brief review aims to give an overview of the synthesis, metabolism, neuroprotective effects, and mechanism of action of progesterone in the rodent and human brain. First, we succinctly describe the biosynthetic pathways and the expression of enzymes and receptors of progesterone; as well as the changes observed after brain injuries and in neurological diseases. Then, we summarize current data on the differential fluctuations in brain levels of progesterone and its neuroactive metabolites according to sex, age, and neuropathological conditions. The third part is devoted to the neuroprotective effects of progesterone and 3α,5α-THPROG in different experimental models, with a focus on traumatic brain injury and stroke. Finally, we highlight the key role of the classical progesterone receptors (PR) in mediating the neuroprotective effects of progesterone after stroke. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32722286/
[C] TRABERT, B, SHERMAN, M E, 2020. Progesterone and Breast Cancer. Endocr Rev. 2020 Apr 1;41(2):320-344. doi: 10.1210/endrev/bnz001. “Synthetic progestogens (progestins) have been linked to increased breast cancer risk; however, the role of endogenous progesterone in breast physiology and carcinogenesis is less clearly defined. Mechanistic studies using cell culture, tissue culture, and preclinical models implicate progesterone in breast carcinogenesis. In contrast, limited epidemiologic data generally do not show an association of circulating progesterone levels with risk, and it is unclear whether this reflects methodologic limitations or a truly null relationship. Challenges related to defining the role of progesterone in breast physiology and neoplasia include: complex interactions with estrogens and other hormones (eg, androgens, prolactin, etc.), accounting for timing of blood collections for hormone measurements among cycling women, and limitations of assays to measure progesterone metabolites in blood and progesterone receptor isotypes (PRs) in tissues. Separating the individual effects of estrogens and progesterone is further complicated by the partial dependence of PR transcription on estrogen receptor (ER)α-mediated transcriptional events; indeed, interpreting the integrated interaction of the hormones may be more essential than isolating independent effects. Further, many of the actions of both estrogens and progesterone, particularly in "normal" breast tissues, are driven by paracrine mechanisms in which ligand binding to receptor-positive cells evokes secretion of factors that influence cell division of neighboring receptor-negative cells. Accordingly, blood and tissue levels may differ, and the latter are challenging to measure. Given conflicting data related to the potential role of progesterone in breast cancer etiology and interest in blocking progesterone action to prevent or treat breast cancer, we provide a review of the evidence that links progesterone to breast cancer risk and suggest future directions for filling current gaps in our knowledge”. Published by Oxford University Press on behalf of the Endocrine Society 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31512725/
[D] GROH, L A, VEREL D E, 2022. Immune modulatory effects of progesterone on oxLDL-induced trained immunity in monocytes. J Leukoc Biologia 2022 Aug;112(2):279-288. doi: 10.1002/JLB.3AB1220-846R. Epub 2022 Jan 17. “Atherosclerotic cardiovascular diseases (CVD) are among the leading causes of death in the world. Monocyte-derived macrophages are key players in the pathophysiology of atherosclerosis. Innate immune memory following exposure of monocytes to atherogenic compounds, such as oxidized low-density lipoproteins (oxLDL), termed trained immunity, can contribute to atherogenesis. [...] Progesterone showed a unique ability to attenuate the enhanced TNFα and IL-6 production following oxLDL-induced trained immunity. Single nucleotide polymorphisms in the nuclear glucocorticoid, progesterone, and mineralocorticoid receptor were shown to correlate with ex vivo oxLDL-induced trained immunity in 243 healthy volunteers. Pharmacologic inhibition experiments revealed that progesterone exerts the suppression of TNFα in trained immunity via the nuclear glucocorticoid and mineralocorticoid receptors. Our data show that progesterone has a unique ability to suppress oxLDL-induced trained immunity. We hypothesize that this effect might contribute to the lower incidence of CVD in premenopausal women”. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35040511/
[E] PEAT, Ray. Estrogen and brain aging.
[F] Autores citados por R Peat em Estrogen and brain aging.
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